INTRODUÇÃO
O
teste Slump foi descrito como um teste para avaliar a mobilidade das estruturas
sensíveis à dor no canal vertebral, e desde então tem sido utilizado como um
instrumento de avaliação a identificação de alterações neurodinâmicas dos
membros inferiores, e também como forma de tratamento(1).
ETAPAS
DO TESTE
O
procedimento para a realização do teste slump é composto de 6 etapas e envolve
movimentos passivos e ativos por parte do paciente(2).
1- Com o
paciente sentado na maca, questione-o sobre os sintomas. Neste momento você
está identificando o nível de dor/sintomas em uma situação onde não há stress
aplicado a estruturas neurais. Peça ao paciente para estender o joelho
assintomático e depois o sintomático, avalie visualmente a ADM de extensão e
questione sobre sintomas.
2- Posicione-o com a região poplítea bem na beirada da maca, joelhos unidos e mãos também unidas atrás das costas. Peça ao paciente que encurve-se, como na foto ao lado (flexão lombar e torácica). O examinador mantém a cervical em uma posição neutra (oriente o paciente a não fletir ao pescoço). Avalie novamente os sintomas do paciente.
2- Posicione-o com a região poplítea bem na beirada da maca, joelhos unidos e mãos também unidas atrás das costas. Peça ao paciente que encurve-se, como na foto ao lado (flexão lombar e torácica). O examinador mantém a cervical em uma posição neutra (oriente o paciente a não fletir ao pescoço). Avalie novamente os sintomas do paciente.
3-
Mantendo-se nesta posição encurvada, pede-se ao paciente para fletir o pescoço
até encostar o queixo no peito. Uma pressão suave pode ser aplicada nesta
posição de forma a forçar um pouco mais a flexão de torácica e lombar.
Questione novamente o paciente sobre os sintomas.
4- Peça
ao paciente para estender ativamente o joelho. Avalie a perna assintomática
primeiro. Investigue diferenças na ADM de extensão de joelho entre os lados e
questione sobre a presença de dor e/ou aumento dos sintomas.
5-
Solicite novamente a extensão de joelho e peça ao paciente para que, mantendo o
joelho esticado, realize uma dorsiflexão de tornozelo. (Avalie o lado
assintomático primeiro e compare ADM de joelho e tornozelo e mudança nos
sintomas)
6- Mantendo a posição de extensão de joelho e dorsiflexão, "libere a cervical", pedindo ao paciente que olhe para cima. Questione sobre mudanças nos sintomas e avalie se houve mudança na ADM de extensão do joelho.
ENTENDENDO O TESTE
Os
fundamentos biomecânicos, ou melhor, dizendo: neurodinâmicos do teste Slump
envolvem o preceito de que o sistema nervoso central e periférico devem ser
considerados como uma unidade, já que formam um tecido contínuo. Desta forma, a
flexão cervical tende a tencionar a medula, as meninges e consequentemente os
nervos periféricos. A adição de flexão cervical e da dorsiflexão de tornozelo
durante o teste são exemplos de manobras de diferenciação estrutural.
A flexão cervical aumenta a tensão mecânica sobre o
Sistema Nervoso, ao passo que a extensão cervical reduz esta tensão.
A dorsiflexão aumenta e a plantiflexão reduz a
tensão sobre o Sistema Nervoso.
A adição destas manobras implica
aumento da sensibilidade do tecido neural, resultando em uma diminuição da
amplitude de movimento e/ou aumento dos sintomas. Assim, podemos dizer que o
teste Slump é considerado positivo se houver aumento dos sintomas ou redução
importante da ADM de extensão de joelho nas etapas 4 e/ou 5 e reduzido, com a
extensão cervical na etapa 6.
ACHADOS NA LITERATURA
No
estudo de Philip, Lew e Matyas(3), fisioterapeutas avaliaram 93
pacientes com sintomas de dor lombar com irradiação para um dos membros e
observaram que o Slump test foi eficaz na reprodução dos sintomas.
Concluíram também que a ADM de extensão do joelho era diminuída quando se
realizava o movimento de dorsiflexão do tornozelo.
Johnson
e Chiarello(4) avaliaram, na posição de Slump test, a
extensão final do joelho em trinta e quatro pacientes jovens do sexo masculino,
sem história de lesão muscular. Concluíram que em 29,53% dos pacientes houve
diminuição da extensão do joelho quando foi realizada a flexão cervical, em
comparação com o teste realizado com extensão da região cervical. Também
concluiu que em 56,76% dos indivíduos houve diminuição da ADM de extensão do
joelho quando foi realizado o movimento de dorsiflexão do tornozelo nesta mesma
posição.
Lew
e Briggs(5) avaliaram pacientes com idade entre 18 e 30 anos com sintomas
lombares baixos e nos músculos isquiossurais. Observaram que se realizassem o Slump
test com extensão cervical havia diminuição de 40% dos sintomas de acordo
com a escala análoga visual. Concluíram ainda que a flexão cervical não mudou a
tensão nos músculos isquiossurais e que a mudança na dor induzida pela flexão
cervical não era então devido a mudanças da tensão nesse grupo muscular.
Bracht(6)
observou 47 pacientes portadores de síndromes dolorosas na coluna lombar,
avaliandoos com os testes de Laseg e Slump test. Concluiu que em 53% dos
pacientes foram reproduzidos os sintomas no Slump test; em 2% foram
reproduzidos os sintomas dos indivíduos ao teste de Lasegue; 34% tiveram
resultados duplo positivo; e 11% tiveram resultados duplo negativo. Concluíram,
assim, que o Slump test é mais fidedigno na avaliação de síndromes
dolorosas da coluna lombar.
Turl
e George(7) realizaram o Slump test em 14 indivíduos,
atletas, do sexo masculino, com quadro de tensão neural adversa recidivante nos
músculos isquiossurais. Observaram que em 57% dos indivíduos, o teste foi
positivo, sugerindo que a tensão neural adversa é um fator que pode contribuir
com a tensão repetitiva nos isquiossurais. O resultado sugere também que o Slump
test é eficaz na avaliação da tensão neural adversa nos músculos
isquiossurais.
Ladeira(8)
descreve, em seu estudo de caso, que as manobras de SLR e Slump test foram
utilizadas para reproduzir com fidelidade os sintomas da Tensão Neural Adversa
nos isquiossurais de um paciente do sexo masculino com 68 anos.
CONSIDERAÇÕES
FINAIS
Como recurso de avaliação, observamos que o slump test foi
útil para diagnóstico de alterações , como relatado anteriormente, observando
ainda que a técnica é fidedigna na reprodução dos sintomas dos pacientes.
REFERÊNCIAS
1 - Maitland GD. The Slump Test: Examination and
treatment. Australian Journal of Physiotherapy.
1985; 31:215-219.
2 - Butler DS. Mobilização
do sistema nervoso. Barueri: Manole; 2003.
3 - Philip K, Lew P, Matyas TA. The inter-therapist
reliability of the Slump test. Australian Journal of Physiotherapy.
1989; 35:89-94.
4 - Johnson EK, Chiarello CM. The Slump test: the
effects of head and lower extremity position on knee extension. Journal of
Orthopedics Sports Physical Therapy. 1997; 26:310-317.
5 - Lew PC, Briggs CA. Relationship between the
cervical component of the Slump test and change in hamstring muscle tension.
Manual Therapy. 1997; 2:98-105.
6 - Bracht MA.
Estudo comparativo entre os testes Slump e Laségue em pacientes portadores de
síndromes dolorosas da coluna lombar. Terapia Manual. 2003; 2:46-51.
7 - Turl SE, George KP. Adverse neural tension: a
factor in repetitive hamstring strain? Journal of Orthopedics
Sports Physical Therapy. 1998; 27:16-21.
8 - Ladeira CE.
Avaliação e tratamento de um paciente com tensão neural adversa no membro
inferior: Estudo de caso. Revista Brasileira de Fisioterapia. 1999; 3:69-78.
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