quinta-feira, 13 de setembro de 2012

SLUMP TEST



            INTRODUÇÃO
O teste Slump foi descrito como um teste para avaliar a mobilidade das estruturas sensíveis à dor no canal vertebral, e desde então tem sido utilizado como um instrumento de avaliação a identificação de alterações neurodinâmicas dos membros inferiores, e também como forma de tratamento(1).

            ETAPAS DO TESTE
O procedimento para a realização do teste slump é composto de 6 etapas e envolve movimentos passivos e ativos por parte do paciente(2).

1- Com o paciente sentado na maca, questione-o sobre os sintomas. Neste momento você está identificando o nível de dor/sintomas em uma situação onde não há stress aplicado a estruturas neurais. Peça ao paciente para estender o joelho assintomático e depois o sintomático, avalie visualmente a ADM de extensão e questione sobre sintomas.

2- Posicione-o com a região poplítea bem na beirada da maca, joelhos unidos e mãos também unidas atrás das costas. Peça ao paciente que encurve-se, como na foto ao lado (flexão lombar e torácica). O examinador mantém a cervical em uma posição neutra (oriente o paciente a não fletir ao pescoço). Avalie novamente os sintomas do paciente.
3- Mantendo-se nesta posição encurvada, pede-se ao paciente para fletir o pescoço até encostar o queixo no peito. Uma pressão suave pode ser aplicada nesta posição de forma a forçar um pouco mais a flexão de torácica e lombar. Questione novamente o paciente sobre os sintomas.

4- Peça ao paciente para estender ativamente o joelho. Avalie a perna assintomática primeiro. Investigue diferenças na ADM de extensão de joelho entre os lados e questione sobre a presença de dor e/ou aumento dos sintomas.

5- Solicite novamente a extensão de joelho e peça ao paciente para que, mantendo o joelho esticado, realize uma dorsiflexão de tornozelo. (Avalie o lado assintomático primeiro e compare ADM de joelho e tornozelo e mudança nos sintomas)

6- Mantendo a posição de extensão de joelho e dorsiflexão, "libere a cervical", pedindo ao paciente que olhe para cima. Questione sobre mudanças nos sintomas e avalie se houve mudança na ADM de extensão do joelho.


                         

          

            ENTENDENDO O TESTE

Os fundamentos biomecânicos, ou melhor, dizendo: neurodinâmicos do teste Slump envolvem o preceito de que o sistema nervoso central e periférico devem ser considerados como uma unidade, já que formam um tecido contínuo. Desta forma, a flexão cervical tende a tencionar a medula, as meninges e consequentemente os nervos periféricos. A adição de flexão cervical e da dorsiflexão de tornozelo durante o teste são exemplos de manobras de diferenciação estrutural.
A flexão cervical aumenta a tensão mecânica sobre o Sistema Nervoso, ao passo que a extensão cervical reduz esta tensão.
A dorsiflexão aumenta e a plantiflexão reduz a tensão sobre o Sistema Nervoso.
A adição destas manobras implica aumento da sensibilidade do tecido neural, resultando em uma diminuição da amplitude de movimento e/ou aumento dos sintomas. Assim, podemos dizer que o teste Slump é considerado positivo se houver aumento dos sintomas ou redução importante da ADM de extensão de joelho nas etapas 4 e/ou 5 e reduzido, com a extensão cervical na etapa 6.

            ACHADOS NA LITERATURA

No estudo de Philip, Lew e Matyas(3), fisioterapeutas avaliaram 93 pacientes com sintomas de dor lombar com irradiação para um dos membros e observaram que o Slump test foi eficaz na reprodução dos sintomas. Concluíram também que a ADM de extensão do joelho era diminuída quando se realizava o movimento de dorsiflexão do tornozelo.
Johnson e Chiarello(4) avaliaram, na posição de Slump test, a extensão final do joelho em trinta e quatro pacientes jovens do sexo masculino, sem história de lesão muscular. Concluíram que em 29,53% dos pacientes houve diminuição da extensão do joelho quando foi realizada a flexão cervical, em comparação com o teste realizado com extensão da região cervical. Também concluiu que em 56,76% dos indivíduos houve diminuição da ADM de extensão do joelho quando foi realizado o movimento de dorsiflexão do tornozelo nesta mesma posição.
Lew e Briggs(5) avaliaram pacientes com idade entre 18 e 30 anos com sintomas lombares baixos e nos músculos isquiossurais. Observaram que se realizassem o Slump test com extensão cervical havia diminuição de 40% dos sintomas de acordo com a escala análoga visual. Concluíram ainda que a flexão cervical não mudou a tensão nos músculos isquiossurais e que a mudança na dor induzida pela flexão cervical não era então devido a mudanças da tensão nesse grupo muscular.
Bracht(6) observou 47 pacientes portadores de síndromes dolorosas na coluna lombar, avaliandoos com os testes de Laseg e Slump test. Concluiu que em 53% dos pacientes foram reproduzidos os sintomas no Slump test; em 2% foram reproduzidos os sintomas dos indivíduos ao teste de Lasegue; 34% tiveram resultados duplo positivo; e 11% tiveram resultados duplo negativo. Concluíram, assim, que o Slump test é mais fidedigno na avaliação de síndromes dolorosas da coluna lombar.
Turl e George(7) realizaram o Slump test em 14 indivíduos, atletas, do sexo masculino, com quadro de tensão neural adversa recidivante nos músculos isquiossurais. Observaram que em 57% dos indivíduos, o teste foi positivo, sugerindo que a tensão neural adversa é um fator que pode contribuir com a tensão repetitiva nos isquiossurais. O resultado sugere também que o Slump test é eficaz na avaliação da tensão neural adversa nos músculos isquiossurais.
Ladeira(8) descreve, em seu estudo de caso, que as manobras de SLR e Slump test foram utilizadas para reproduzir com fidelidade os sintomas da Tensão Neural Adversa nos isquiossurais de um paciente do sexo masculino com 68 anos.


            CONSIDERAÇÕES FINAIS

Como recurso de avaliação, observamos que o slump test foi útil para diagnóstico de alterações , como relatado anteriormente, observando ainda que a técnica é fidedigna na reprodução dos sintomas dos pacientes.


REFERÊNCIAS

1 - Maitland GD. The Slump Test: Examination and treatment. Australian Journal of Physiotherapy.
1985; 31:215-219.

2 - Butler DS. Mobilização do sistema nervoso. Barueri: Manole; 2003.

3 - Philip K, Lew P, Matyas TA. The inter-therapist reliability of the Slump test. Australian Journal of Physiotherapy. 1989; 35:89-94.

4 - Johnson EK, Chiarello CM. The Slump test: the effects of head and lower extremity position on knee extension. Journal of Orthopedics Sports Physical Therapy. 1997; 26:310-317.

5 - Lew PC, Briggs CA. Relationship between the cervical component of the Slump test and change in hamstring muscle tension. Manual Therapy. 1997; 2:98-105.

6 - Bracht MA. Estudo comparativo entre os testes Slump e Laségue em pacientes portadores de síndromes dolorosas da coluna lombar. Terapia Manual. 2003; 2:46-51.

7 - Turl SE, George KP. Adverse neural tension: a factor in repetitive hamstring strain? Journal of Orthopedics Sports Physical Therapy. 1998; 27:16-21.

8 - Ladeira CE. Avaliação e tratamento de um paciente com tensão neural adversa no membro inferior: Estudo de caso. Revista Brasileira de Fisioterapia. 1999; 3:69-78.