INTRODUÇÃO
Os volumes
pulmonares podem ser classificados como volumes estáticos (absolutos) e volumes
dinâmicos. Os volumes pulmonares estáticos são os resultantes da complementação
de manobras respiratórias, consistindo em compartimentos pulmonares. Os volumes
pulmonares dinâmicos são os decorrentes de manobras respiratórias forçadas,
expressam variáveis e parâmetros de fluxo aéreo e são medidos através da
espirometria.
A determinação
completa dos volumes pulmonares absolutos (“volumes pulmonares”) constituem-se
numa das etapas da avaliação funcional pulmonar, seguindo-se usualmente à
espirometria. Considerando que o comportamento mecânico do pulmão é baseado em
suas propriedades elásticas e em seu volume, a mensuração dos volumes pulmonares
oferece informações que podem ser essenciais para a caracterização do estado
fisiopatológico decorrente de anormalidades dos processos
pulmonar-ventilatórios.
As
disfunções restritivas, por exemplo, só podem ser diagnosticada com certeza por
meio da medida dos volumes pulmonares. São as seguintes as indicações estabelecidas
para a mensuração dos volumes pulmonares: (a) detecção de processos
restritivos, (b) detecção de processos mistos, (c) detecção de hiperinsuflação
pulmonar, (d) detecção de alçaponamento de ar, (e) aumento de sensibilidade da
avaliação de resposta ao broncodilatador, (f) correção da mensuração da
capacidade de difusão pulmonar, (g) avaliação de incapacidade/invalidez
pulmonar e (h) pré-operatório de cirurgia redutora de volume (de
hiperinsuflação) pulmonar(1,2).
Na
prática da avaliação pulmonar, costuma-se solicitar a mensuração de volumes em
adição à espirometria nas seguintes condições: (a) redução da capacidade vital
em pacientes com limitação do fluxo aéreo, (b) redução da capacidade vital com
fluxos expiratórios normais, (c) anormalidades da parede torácica, (d)
pré-operatório de cirurgia redutora de volume pulmonar, (e) dúvidas quanto a resposta
ao broncodilatador, (f) espirometria com fluxos supranormais (detecção precoce
de doença restritiva), (g)
espirometria com
CVF acima do limite da normalidade (sobretudo em tabagistas ou suspeita de
deficiência de alfa- 1antitripsina, pois esta alteração pode ocorrer
precocemente no enfisema pulmonar).
VOLUMES E CAPACIDADES
PULMONARES ESTÁTICOS
Os
volumes pulmonares estáticos são constituídos por quatro volumes
(compartimentos indivisíveis) e quatro capacidades (compartimentos
compreendendo dois ou mais volumes), a saber:
Volume corrente
(VC). Volume
de ar inspirado e expirado espontaneamente em cada ciclo respiratório. Embora
seja uma subdivisão da CPT, é um volume dinâmico, variando com o nível da
atividade física. Corresponde a cerca de 10% da CPT.
Volume de
reserva inspiratório (VRI). Volume máximo que pode ser inspirado voluntariamente
ao final de uma inspiração espontânea, isto é, uma inspiração além do nível
inspiratório corrente. Corresponde a cerca de 45 a 50% da CPT.
Volume de
reserva expiratório (VRE). Volume máximo que pode ser expirado voluntariamente
a partir do final de uma expiração espontânea, isto é, uma expiração além do
nível de repouso expiratório. Corresponde a cerca de 15-20% da CPT.
Volume residual
(VR). Volume
que permanece no pulmão após uma expiração máxima. Corresponde a cerca de (20)
25 a 30 (35) % da CPT. Não pode ser medido diretamente pela espirometria, sendo
obtido a partir da determinação da CRF, subtraindo-se o VRE da CRF ou
subtraindo- se a CV da CPT (com medida primária da CRF), conforme o método
utilizado para a mensuração dos volumes pulmonares.
Capacidade vital
(CV). Volume
medido na boca entre as posições de inspiração plena e expiração completa. Representa
o maior volume de ar mobilizado. Compreende três volumes primários: VAC, VIR, VER.
Corresponde a cerca de 70-75% (80) da CPT.
Capacidade residual
funcional (CRF). Volume
contido nos pulmões ao final de uma expiração espontânea. Compreende o VR e o VRE.
Corresponde a cerca de 40-50% da CPT. As vezes é referido como volume de gás torácico
(VGT), que é a mensuração objetiva nas técnicas empregadas para determinar a CRF.
Capacidade
inspiratória (CI). É
o volume máximo inspirado voluntariamente a partir do final de uma expiração espontânea
(do nível expiratório de repouso). Compreende o VAC e o VIR. Corresponde a
cerca de 50-55% da CPT e a cerca de 60 a 70% da CV.
Capacidade
pulmonar total (CPT). Volume contido nos pulmões após uma inspiração
plena. Compreende todos os volumes pulmonares e é obtido pela soma CRF com a CI
(3).
Os volumes pulmonares que podem ser
medidos por espirometria – VAC, VIR, VER, CI, CV – são volumes de determinação
direta. Os volumes pulmonares mais utilizados para o processo diagnóstico
funcional são o VR e a CPT(4).
Os
volumes pulmonares variam em função de fatores como gênero, idade, altura, peso,
postura, atividade física e etnia(5).
Abaixo
segue um diagrama ilustrativo:
Após interpretação do diagrama podemos concluir que:
CAPACIDADE
VITAL = VC + VRI + VRE
CAPACIDADE INSPIRATÓRIA = VC + VRI
CAPACIDADE RESIDUAL FUNCIONAL = VRE + VR
CAPACIDADE PULMONAR TOTAL = CV + VR
CAPACIDADE INSPIRATÓRIA = VC + VRI
CAPACIDADE RESIDUAL FUNCIONAL = VRE + VR
CAPACIDADE PULMONAR TOTAL = CV + VR
REFERÊNCIAS
1. American Thoracic Society. Lung function testing: selection of
reference values and interpretative strategies. Am Rev Respir Dis 1991; 144:1202-18.
2. Quanjer PH, Tammeling GJ, Cotes JE, Pedersen OF, Peslin R, Yernault
JC. Lung volumes and forced ventilatory
flows. Report of Working Party. “Standardization of Lung Function Tests”,
European Community for Steel and Coal and European Respiratory Society. Eur
Respir J 1993;16(Suppl):5-40.
3. Comroe JH Jr, Forster RE II, DuBois AB, Briscoe WA, Carlsen E. The lung:
clinical, physiology and pulmonary function tests. 2nd ed. Chicago: Year Book
Medical Publishers Inc., 1962.
4. Gibson GJ. Lung volumes and elasticity. In: Hughes JMB, Pride NB. Lung
function tests. Physiological principles and clinical applications. London: WB
Saunders, 1999;45-56.
5. Leff AR, Schumacker PT. Respiratory physiology: basics applications. Philadelphia:
WB Saunders
Co., 1993.